O trabalho em equipe no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é fundamental para garantir a qualidade dos serviços oferecidos aos usuários e requer articulação, colaboração e confiança em seus membros.
Nesse texto, vamos explorar três conceitos sobre o tema.
Equipes de Referência no SUAS:
As equipes de referência são essenciais para a oferta dos serviços no SUAS, precisam ser compostas por profissionais de diferentes áreas, com qualificação profissional e em constante processo de capacitação e supervisão técnica. Suas formações podem ser variadas: serviço social, psicologia, pedagogia, ciências sociais, antropologia e educação social.
Em geral, as equipes são compostas, minimamente, por um assistente social e um psicólogo, compondo, assim, a dupla psicossocial. Porém, dependendo do serviço oferecido, as demais funções são essenciais e precisam compor a equipe. Os detalhes e necessidades para cada serviço compõem o documento conhecido como Norma Operacional Básica do SUAS (NOB-RH/SUAS) e pode ser consultado na internet. A referência também traz aspectos importantes sobre a gestão do trabalho (Brasil, 2005).
Interdisciplinaridade:
Como os serviços do SUAS são compostos por diferentes profissionais, torna-se essencial que esses trabalhem de forma interdisciplinar, ou seja, compartilhando saberes e integrando suas ações.
Ninguém é detentor do saber e nenhuma profissão sabe mais do que a outra. Os saberes são diferentes e precisam ser compartilhados e discutidos por meio de reuniões de caso e reuniões de equipe. Tal processo também pode acontecer nas chamadas “formações em serviço” que envolvem a relação da prática com a teoria no dia a dia do trabalho.
Discutir sobre a interdisciplinaridade no serviço também favorece a articulação com a rede de atendimento, aumentando a probabilidade de diálogo e boas relações com os demais profissionais, o que favorece o andamento do trabalho de forma cooperativa.
Desburocratização da relação com o usuário:
Um dos princípios do trabalho no SUAS é a desburocratização da relação com o usuário, favorecendo a garantia do serviço prestado e o acesso dele aos seus direitos fundamentais (Brasil, 2005). Nesse texto, fizemos a opção de colocar esse princípio como parte do trabalho em equipe, porque, muitas vezes, nos pegamos resolvendo inúmeras questões burocráticas ou exigindo papeis e encaminhamentos dos nossos usuários e esquecemos do principal: o atendimento e acolhimento à população e suas necessidades.
O papel e a burocracia são importantes, mas não podem estar acima das nossas ações com os usuários e esse é um importante desafio do gestor das equipes do SUAS: garantir o preenchimento de relatórios e indicadores e, ao mesmo tempo, o atendimento de qualidade e rápido ao usuário.
Assim, a partir desses três conceitos, podemos pensar, também, no papel do gestor das equipes do SUAS. Ele precisa apresentar algumas características imprescindíveis para o cargo:
- Ser um bom ouvinte – ter o hábito de escutar sua equipe, dialogar a partir das dificuldades e acolher sentimentos de impotência, muito comuns nessa área de trabalho. Além disso, é preciso, por vezes, mediar conflitos e cuidar para que o clima relacional da equipe esteja positivo para que o ambiente de trabalho seja harmonioso e as formas de comunicação sejam claras e não violentas.
- Ter liderança – cuidar de situações problemas com assertividade e responsabilidade, sabendo que a equipe confia nele e em seus encaminhamentos.
- Ter articulação com os demais serviços e políticas setoriais – nenhum serviço atua sozinho, ainda mais diante de problemas tão complexos, dessa forma é preciso ter conhecimento sobre as legislações, programas, serviços e equipamentos da Assistência Social e das demais políticas setoriais, favorecendo assim a articulação e o contato entre eles para garantir o atendimento à população.
- Ter um bom planejamento – o gestor é aquele que irá escrever os Plano de Trabalho, realizar as avaliações e monitoramento das ações, assim como avaliar os funcionários, portanto, é preciso saber aonde quer chegar e quais ações realizará para cumprir com os objetivos do serviço. Isso requer planejamento contínuo e acesso quase que diário aos materiais e indicadores previstos em seus planos de ação.
- Ser organizado – um gestor desorganizado deixa sua equipe desorganizada e sem saber a direção do trabalho. É preciso organização em todos os aspectos – de materiais, documentos, na fala, nas reuniões e nos encaminhamentos. A Maná realizou um post recentemente sobre alguns aplicativos que auxiliam nesse processo, que tal acessar nosso instagram?
- Buscar por capacitações e supervisões – o bom gestor sabe do que sua equipe precisa e sabe que ele precisa estar em aprofundamento constante sobre novos conhecimentos e práticas. Por isso está sempre em busca de capacitações e supervisões técnicas para sua equipe.
Ou seja, sabemos dos desafios que é trabalhar na Política de Assistência Social e do quanto atender a população em situação de vulnerabilidade tem sido cada vez mais complexo, mas é preciso persistir e buscar bons líderes para nossas equipes, assim teremos profissionais fortalecidos para lidar com a demanda e atender de forma cuidadosa e acolhedora o público-alvo.
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Referências bibliográficas
BRASIL. Política Nacional de Assistência Social – Pnas/2004. Norma Operacional Básica – NOB/Suas. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2005. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/PNAS2004.pdf. Acesso em: 6 fev. 2019.
BRASIL. Resolução n. 109, de 11 de novembro de 2009. Aprova a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. 2009e. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/tipificacao.pdf. Acesso em: 25 jun. 2021.